Com apoio do Fundo Estadual de Arte e Cultura da Secretaria de Educação, Cultura e Esporte (Seduce) o artista goiano Vicente Caraíba, depois de levar a exposição Espírito Cerratense à Alemanha (na Schleswig-Holstein-Haus, em Schwerin), apresenta suas esculturas, até 10 de dezembro, das 8 às 18 horas, no hall da biblioteca da PUC, na Praça Universitária, em Goiânia.
Com extraordinária sensibilidade, o trabalho é bem-sucedido em associar aspectos estéticos e conceituais, em uma obra que denuncia o processo de extinção do Cerrado brasileiro, um dos biomas mais ricos do mundo. O material utilizado por Vicente Caraíba é o que chamam de “madeira morta”, ou seja, restos de árvores que são derrubadas em nome do progresso, todas elas encontradas em suas caminhadas Cerrado adentro. “Quando acho um tronco ou descartes da construção civil, nunca sei o que ele vai ser, ou melhor, o que ele quer ser. Sei que vou trabalhar com ele e vamos ver no que vai dar. Não tenho um fim em mente, tenho uma busca”, descreve.
Intervenções
Sendo assim, a técnica que vem sendo desenvolvida pelo artista começa na busca da matéria-prima. As peças não têm grande porte porque Caraíba trabalha com o que consegue carregar. Ele leva para seu atelier, na cidade de Goiás, troncos que sugerem imagens diversas incrustadas. “Para mim, cada peça é um ser que se comunica e eu sou apenas um mensageiro”, comenta o artista, que utiliza diversos tipos de formões, goivas e máquinas cortantes de pequeno porte para intervenções superficiais na madeira.
Além do resultado estético possibilitado pelas peculiaridades da madeira, o desafio do artista é impactar o ser humano, estimulando expansão de consciência crítica. No entanto, Caraíba não se considera um ambientalista. “Quando ouço essa palavra, sou remetido a uma posição meio radical e não consigo ver o mundo assim, preto no branco, não mais. Não me vejo amarrado a uma árvore pregando contra o mundo moderno”, assume. E completa: “Vejo um mundo onde temos muito a aprender, onde o Cerrado tem muito a ensinar. Podemos fazer diferente, destruir menos e respeitar mais, é o que busco em minha vida”.
Para o artista, a mensagem que Espírito Cerratense leva ao mundo não se limita à reflexão sobre
a extinção anunciada do bioma que guarda dois quintos de toda a água potável do planeta Terra. A poética da obra carrega ainda mensagens sutis sobre o amor, o respeito e a paz. “Meu trabalho traz o questionamento de uma vida inteira, vejo formas que desaparecem, vejo um imaginário individual, vejo que não cabe a mim definir aquilo que não tem definição, vejo que não preciso saber o resultado de algo, mas que preciso ir em frente”, ressalta.
Fonte: Goiás Agora
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