Referência nacional pela qualidade do trabalho prestado, o Banco de Leite Humano do Hospital Materno Infantil (HMI) se prepara para mais um período de férias escolares, época em que se registra uma queda no volume de doações. A coordenadora do Banco, a farmacêutica bioquímica Renata Machado Leles, explica que é comum no período de dezembro a fevereiro ocorrer uma queda considerável no volume de leite doado, seja porque as mães aproveitam para viajar ou mesmo porque os filhos maiores estão mais tempo em casa e elas acabam ficando mais atribuladas para fazer a coleta diária.
Atualmente, o banco possui em estoque 200 litros. Mas, conforme explica a coordenadora, essa quantidade deve durar para os próximos dois meses. “Apesar do leite materno pasteurizado ter validade de seis meses estando congelado, aqui no Banco de Leite nosso estoque acaba antes dos seis meses de duração. A demanda nas UTIs neonatal é maior, por isso temos essa preocupação em manter o estoque em dia, sem baixas”, explica Renata.
Qualidade comprovada
O Banco de Leite Humano do Hospital Materno Infantil recebeu certificado concedido pela Fundação Oswaldo Cruz pela qualidade do leite pasteurizado na unidade. Conforme relata a coordenadora, diariamente são lançadas informações sobre a rotina de trabalho via internet para o Ministério da Saúde. A cada três meses o banco de leite é submetido a testes de proficiência. No mais recente deles, foram enviadas amostras para que a equipe goiana realizasse os testes medindo a acidez desse leite, o seu valor calórico e a avaliação microbiológica que indica a presença ou ausência de bactérias.
“Fomos testados e aprovados com 100% de proficiência, o que significa que a técnica utilizada nos testes e a forma de processamento deste leite estão corretas. Somos analisados pelo uso dos nossos reagentes, equipamentos e até ambiente de trabalho. Toda essa dedicação reflete na qualidade do leite oferecido aos recém-nascidos. Esses exames só refletem o bom trabalho que realizamos diariamente aqui”, declarou Renata.
Um trabalho de conscientização
A primeira função do Banco de Leite é estimular e orientar sobre a importância do aleitamento materno. “Nós promovemos, protegemos e apoiamos o aleitamento materno. Todas as mães com dificuldade para amamentar pode nos procurar para receber as devidas orientações. Uma vez estabelecida a amamentação, e havendo excesso de leite, sugerimos a essa mãe que possa contribuir com doações”, explica a coordenadora. Jheniffer Lorraine, 23, buscou o Banco de Leite para receber orientações sobre como resgatar a amamentação de seu filho Isaac, de apenas 3 meses. Por conta de um problema de saúde, a mãe precisou deixar de amamentar por apenas três dias, recorrendo à mamadeira. Esse tempo foi suficiente para fazer com que o pequeno não se sentisse mais estimulado a amamentar no peito. “Vim buscar ajuda, pois quero que ele volte a mamar em mim”.
A jovem mãe explica que ficou muito feliz em saber que há um local onde são oferecidas tais informações. “Quando tive o Isaac em um hospital particular não recebi orientação alguma sobre a amamentação. Tive muita dificuldade porque o Isaac não fazia a sucção correta. Recebi alta da maternidade sem as orientações sobre a amamentação, inclusive no próprio hospital chegaram a dar mamadeira para meu filho. Estou muito contente em saber que há um hospital público que nos oferece essas orientações gratuitas. Espero ter leite em excesso para me tornar uma doadora”, declarou Jhennifer.
Funcionamento do Banco de Leite
O Banco de Leite do HMI funciona em sala anexa ao hospital. Todas as mães interessadas em conhecer o trabalho, contribuir com doações ou receber orientações sobre amamentação correta podem entrar em contato pelo (62) 3956-2921, ou ir diretamente à unidade. Conforme explica a coordenadora do Banco, Renata Machado, as mães que têm oportunidade de vir pessoalmente, além de receber as orientações presencialmente ainda podem levar para casa o vidro já esterilizado para a primeira coleta de leite. Mas mesmo aquelas que não têm tal disponibilidade podem receber as explicações por telefone.
Após se tornar uma doadora, a mãe recebe a visita domiciliar da equipe feminina do Corpo de Bombeiros, que uma vez por semana percorre diferentes regiões da capital para recolher as doações e deixar novos vidros para as próximas. “O cronograma das bombeiras envolve visitar as doadoras uma vez por semana em suas casas, recolher o leite congelado e levar novos frascos para a coleta. Esse trabalho realizado em parceria com a corporação há longos anos é de fundamental importância para a manutenção do banco de leite”, enaltece a coordenadora.
Cabe à equipe do Hospital processar, pasteurizar e submeter o leite humano aos testes de controle de qualidade. A partir daí, o produto está apto a ser distribuído nas UTIs neonatais do Estado. Em Goiânia, encontram-se em funcionamento o Banco de Leite Humano no HMI e na Maternidade Nascer Cidadão; e ainda um posto de coleta dentro da maternidade Dona Iris. Anápolis conta com dois bancos de leite humano, sendo um no Hospital Municipal e outro na Santa Casa de Misericórdia, e outro em Planaltina de Goiás. Ao todo, as UTIs neonatais do Estado possuem apenas cinco bancos de leite para atender a toda a demanda.
“Todos os bancos de leite humano atuando juntos ainda não dão conta de atender a demanda dos hospitais. Temos como prioridade o atendimento às UTIs neonatais vinculadas ao SUS, para só então disponibilizar às unidades de saúde particulares. Outro ponto que dificulta o acesso desse leite a outros hospitais é que eles precisam ter um local específico e apropriado para a conservação, um freezer específico só para o leite humano. É preciso ter a devida adequação para receber e manusear o leite”, especifica Renata.
Importância do leite materno
O leite materno é a
primeira fonte de alimentação dos seres humanos. Ele é rico em nutrientes, células de defesa, anticorpos, entre outros nutrientes necessários para o desenvolvimento nos primeiros anos de vida. Segundo a coordenadora do Banco de Leite, estudos comprovaram que bebês que amamentaram possuem uma formação neurológica mais aprimorada, e possuem na fase adulta menos riscos de desenvolver diabetes, obesidade ou hipertensão. Além disso, o vínculo estabelecido entre mãe e filho durante a amamentação é fundamental para o desenvolvimento psicológico da criança.
Fonte: Goiás Agora
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